Transição, Inclusão e Inflação

Última atualização: 5 de outubro de 2022
Tempo de leitura: 4 min

A guerra da Ucrânia provou profundos impactos na distribuição energética na Europa, que consequentemente afetou e afetará todo o mundo em várias áreas. O pior ainda está por vir. O inverno no hemisfério norte. “Onde falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão! ” Esse provérbio, de autor desconhecido, mostra que onde falta o pão -energia neste caso -, no convívio social, os gritos de nada valem, pois todos estão ensurdecidos pelas necessidades básicas e falta de calor. Justamente em um momento que a conscientização da necessidade de uma transição energética mundial nunca foi tão debatida. Os sinais catastróficos da mudança climática aparecem diariamente em todos os lugares do mundo. Além disso, precisamos falar sobre inclusão.

Um ponto que movimenta as regras de comunicação de boa parte da sociedade, é a preocupação com as pessoas que não se identificam com gênero masculino ou feminino. A chamada linguagem neutra ou não binária. O mundo corporativo vem adotando novos padrões no uso de pronomes ou na utilização de palavras que determine maior inclusão e diversidade. A evolução de costumes se esforça, intencionalmente, no letramento da sociedade e na sensibilização, não só em relação ao gênero, mas à raça, religião, classe social, procurando aproximar e compreender todas as relações humanas.

Lentamente estamos concluindo que o mundo desglobalizado será inflacionário. Pelo menos por alguns anos. O tripé de mão de obra barata, capital abundante e commodities desvalorizadas, mantiveram os preços sob controle nas últimas décadas. A teoria das cadeias eficientes, ou seja, baratas, foi boa enquanto durou, mas chegou ao fim. Países ricos e poderosos ingenuamente subestimam os líderes autocráticos. A logística mundial de transportar produtos com baixa margem de lucro sem levar em conta o verdadeiro custo social, de mão de obra e de energia terminou. Um novo ciclo se inicia com a previsão de altas taxas de juros e recessão. As consequências destas mudanças ainda não foram totalmente mapeadas.

A preocupação com a transição energética, a necessidade de uma inclusão social abrangente e a reestruturação do cenário econômico devido a inflação, são os vetores que movem o nosso conhecido ESG, sigla em inglês para Environmental, Social and Corporate Governance, (ambiente, social e governança corporativa), ou seja, um conjunto de políticas utilizadas para orientar empresas, investimentos e escolhas de consumo focadas em sustentabilidade. Somente a união entre governos e corporações, poderá viabilizar ações efetivas para o desenvolvimento mundial nas próximas décadas.

Precisamos ter a clareza que a governança compreende todos os processos de governar, seja pelo comando de um estado, por uma supervisão dos mercados ou controle das instituições. Os sistemas sociais como famílias, organizações formais ou informais e territórios devem através de leis e normas, poder ou linguagem, organizar a sociedade, promover a inclusão e evitar os conflitos. Em outras palavras, precisamos de um equilíbrio nos processos políticos e distribuição do poder. Todas as vezes que o mundo ficou à mercê das ambições pessoais, as consequências foram catastróficas.

Para os otimistas que preferem olhar para a metade do copo cheio, ao qual me incluo, temos a favor uma evolução tecnológica que modifica continuamente nossos comportamentos e a sociedade como um todo. A inteligência artificial (IA), computação quântica, data driven, digitalização, robótica entre tantas outras áreas poderão, se bem direcionadas, apresentar soluções para os desafios que a humanidade enfrentará. A desigualdade, o consumo desenfreado e a intolerância devem ser enfrentadas de todas as formas. Nós, profissionais de comunicação, e todos aqueles que de certa forma se intitulam influenciadores e tem oportunidades de ocupar espaço na mídia, deveríamos trabalhar para conscientizar o momento delicado no qual o planeta passa e refletir sobre a finitude de seus recursos. Uma reengenharia energética tem que ser imposta. De nada adianta a comemoração do crescimento do PIB mundial as custas da destruição do meio ambiente e o comprometimento climático. Se isso não for feito agora, não haverá mínimas condições de existência das gerações futuras.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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