Transformação analítica e o fim da gambiarra digital

Última atualização: 6 de junho de 2020
Tempo de leitura: 6 min

Foi decretado o fim da gambiarra digital. A transformação analítica que há tempos valorizamos, difundimos e desenvolvemos será fundamental em todas as áreas. Precisamos acessar os dados em qualquer local, processá-los e analisá-los rapidamente para manter a competitividade em um cenário ainda cheio de incertezas.

No fim deste processo, empresas, consumidores e usuários se tornarão mais suscetíveis a renovações. Setores tradicionais do mercado já migraram para o online e apostaram no estreitamento do contato com o público, principalmente nas redes sociais, aumentando, assim, a visibilidade da marca e as vendas.

O relacionamento virtual passou a ser incentivado. O teletrabalho foi, mesmo que parcialmente, regulamentado. Ficar em casa será o novo padrão, impactando não só o setor imobiliário como o de decoração. As demandas por serviços a distância aumentarão de forma exponencial.

Em uma das várias versões da fábula “O Escorpião e o Sapo”, o escorpião pede ajuda ao sapo para atravessar um rio. Bastante receoso em ser picado durante a travessia, o sapo hesita. O escorpião então argumenta que se o picasse, ele iria afundar e ambos se afogariam, de modo que o sapo concorda e eles completam o caminho. Já em terra firme o escorpião, de fato, ferroa o sapo.

Agonizando, o sapo pergunta porque o escorpião o havia picado, ao que ele responde: “Desculpe, mas esta é a minha natureza”. São em momentos como este, em meio a uma pandemia, que nós enquanto sociedade temos a oportunidade para alterarmos, pelo menos em parte, a nossa natureza. Sabemos, entretanto, que hábitos antigos são custosos de se perder.

A verdade é que as mudanças são tão necessárias, quanto difíceis são suas implementações. Todos nós, compulsoriamente, tivemos que nos adaptar a novas rotinas, a fim de atender as mais recentes demandas de segurança para a saúde de todos.

Neste novo cenário, agentes públicos e privados, dos mais diversos setores, tiveram seus dias completamente transformados para minimizar o contágio pelo novo vírus e os efeitos da inegável crise econômica que com ela se instaura. Todos fomos compelidos à mudança.

Quanto maior for a duração desta crise, mais profundas serão as modificações no nosso comportamento. Não querendo ser vítima da síndrome de Estocolmo, esse vírus pode nos ajudar em muitos aspectos. As transmutações esperadas no comportamento do consumidor, mesmo após a abertura gradual, não deverão ser de atitudes arrojadas.

Apesar de todos estarem ansiosos para recuperar suas rotinas, haverá muita cautela. Imagina-se um aumento sensível no desejo de administrar melhor a saúde, o bem-estar e, principalmente, as finanças depois desta adversidade. O saneamento básico será percebido de uma forma diferente. O aquecimento global ganhará novos defensores.

Porém, a acelerada adesão aos serviços digitais será uma realidade sem volta. A gambiarra digital das empresas, aquela sutil improvisação de estar presente no universo digital (mesmo sem estar de fato), encontrou seu encerramento. Há muito tempo as empresas investem em novidades e novos recursos, mas a Covid-19 impôs a anuência massiva do uso das tecnologias e dos dados.

Uma mudança definitiva será em relação a telemedicina. Apesar da elevada resistência, este veículo de suporte a saúde que envolve tele consultas, prescrições de receitas, atestados médicos, solicitações de exames complementares, compartilhamento de exames de imagens, monitoramento de pacientes, gestão de medicamentos e videoconferência entre médicos, dissipou-se rapidamente com o isolamento social e se tornou-se uma das maneiras de cuidado mais requisitadas de acolhimento médico.

Sem menosprezar as vantagens do atendimento presencial, o auxílio remoto mostrou-se como alternativa viável e fundamental na ampliação do relacionamento médico/paciente.

Paralelamente, a educação à distância (EAD) de boa qualidade não será possível com a simples emulação dos processos praticados no ensino presencial. O modelo praticado na educação tradicional, pela maioria dos sistemas educacionais, baseia-se ainda nas demandas da Sociedade Industrial.

No Século XIX, as aulas passaram a ser padronizadas e unidirecionais, centradas no professor e no silêncio obsequioso dos alunos. A estrutura hierárquica cristalizada na escola desestimula a participação dos alunos e da comunidade. São muitas as características anteriores à Sociedade da Informação que permanecem em vigor, com pouca ou nenhuma modificação. Temos uma enorme oportunidade nas mãos também neste setor.

A interdependência, via globalização, será revista. Ela funcionou razoavelmente bem em épocas de expansão comercial. Mas enquanto todos passamos pelos mesmos problemas, os governos tendem a assumir posições nacionalistas. Já temos sinais de que iremos sair do isolamento para a instabilidade social, e isso poderá ser mais perigoso para a vida de milhões de pessoas do que o próprio vírus.

Desta forma, o maior desafio pós-pandemia ainda será diminuir o abismo entre os ricos e os pobres. A recuperação será desigual em todos os sentidos, em todos os países, em todas as classes sociais, em todos os segmentos de mercado. Mas para decretar o fim da desigualdade social, quem sabe um novo vírus seletivo apareça na natureza.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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