Sensibilidade Tecnológica

Última atualização: 19 de outubro de 2022
Tempo de leitura: 3 min

Em um mundo em constante transformação precisamos valorizar a união entre a sensibilidade humana e os recursos tecnológicos. A comunicação é uma ponte poderosa para ligar esses dois lados.


Cientistas afirmam que o cérebro humano é muito mais complexo do que imaginamos. Muitas pesquisas para o desenvolvimento em inteligência Artificial (IA) parte do princípio de que o nosso cérebro pode ser representado por softwares. Entretanto, novos estudos estão mostrando que isso não é verdade. Possuímos uma rede analógica complexa e eficiente em termos de energia que se auto organiza. Mesmo uma atividade mental simples envolve recursos neurais em muitas áreas dos nossos circuitos cerebrais. A ideia de que as máquinas cheguem a ser inteligentes como nós humanos, parece cada vez mais distante. Não serão complexos algoritmos matemáticos, que criarão inteligência e sensibilidade similares à nossa.


Aos poucos a realidade vai ocupando seu espaço. Sistemas artificiais não podem assumir responsabilidades autônomas em decisões críticas, que gerem consequências sérias como dirigir veículos em ruas movimentadas, aconselhamento médico e financeiro. Também devemos lembrar que apesar da intervenção humana do Google, toda a sua imensa base de conhecimento e a forma como seus algoritmos atuam é intermediada por pessoas e, por isso, nós confiamos nas buscas de informações, apesar de levar a vieses desconhecidos que dificilmente descobrirmos. De qualquer maneira os reconhecimentos das limitações da tecnologia aos poucos reposicionam que o mundo não será substituído por máquina pensantes sem nós humanos.

Algumas novas tendências que estão ganhando força no campo da PNL (sistemas de processamento de linguagem natural), podem nos dar pistas sobre os próximos lançamentos nesta área. É possível fazer algumas previsões aceitáveis que vão além da conhecida prática de tornar os modelos maiores e mais poderosos. A sociedade tem cada vez mais a possibilidade de acessar uma variedade de ferramentas de ponta para compreender como será a relação entre nós, as máquinas e a comunicação entre os mais variados dispositivos.


Não teríamos a computação moderna sem a criatividade humana, imaginação, experiências, tradições, linguagem e conhecimento acumulado e compartilhado pelo avanço da sociedade. Nós não teremos uma máquina inteligente porque nossa inteligência simplesmente não pode definir (e escrever o código para) um ser humano idealizado, que seja melhor, mais racional e mais moral e ético. Se pudéssemos fazer isso em software, faríamos em nós mesmos.


Estamos aprendendo a lidar com os dados. Gostamos de usar aquelas informações que sustentem a tese que formulamos e queremos provar. Abandonamos novas possibilidades assim que primeiros indícios favorecem nossos argumentos. Mas porque isso acontece? A verdade é que somos programados para inventar teorias para explicar padrões, mesmo que as explicações sejam muitas vezes falaciosas. Fazemos a seleção dos dados com o viés inconsciente apenas para confirmar nossa tese, e desprezamos aqueles que dizem o contrário. Calculamos sem pensar e usamos modelos matemáticos favoráveis aos resultados esperados. É relativamente fácil encontrar uma teoria que se ajuste aos dados. Padrões sempre podem ser encontrados se olharmos com criatividade.


A inteligência artificial veio para revolucionar o mercado de trabalho, criando oportunidade para novas profissões e contribuindo com os humanos em algumas atividades. Mas nem tudo pode e deve ser substituído pela máquina. Os profissionais de comunicação precisam divulgar esse fato, assim como aprimorar suas habilidades tecnológicas. Cada vez mais números e palavras se misturam. Algoritmos são criados e aperfeiçoados. A tecnologia é uma parte fundamental da transformação digital, mas não podemos deixar o capital humano de lado dessa importante evolução. Precisamos de capital humano com DNA digital e especialista em sensibilidade tecnológica.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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