Metaverso: “O desejo ilógico de acúmulo de bens materiais”

Última atualização: 24 de dezembro de 2021
Tempo de leitura: 4 min

Ainda falando sobre metaverso, precisamos nos conscientizar que somos uma geração de transição. Felizmente não haverá desemprego em massa. O que deve acontecer é uma grande transformação na forma como valorizamos o trabalho, que nem sempre estará ligado ao consumo de energia ou a produção de bens materiais. Mais do que empregos, precisamos desenvolver ocupações dignas aos seres humanos. Tarefas desconfortáveis, cansativas, insalubres, repetitivas deverão ser realizadas por robôs. Todos deveríamos incentivar isso e não ficarmos apegados aos processos que obrigatoriamente fizemos e fazemos por absoluta falta de opções. O avanço tecnológico está proporcionando alternativas.

Gordon Childe, um filósofo australiano, diz que passamos por diversos estágios evolutivos obrigatórios das sociedades antigas, desde a passagem de um sistema de caçadores-coletores identificado como “selvageria”, para agricultores e pastores nominado de “barbárie”, até a organização social pós-industrial que hoje nos encontramos. Foi Childe quem cunhou os termos “Revolução Neolítica” e “Revolução Urbana”. Trocamos as antigas lutas e guerras de conquistas territoriais, pelas fábricas de produção em escala e a atual obsessão pelo consumo. 

Não discutiremos se o trabalho será remoto, presencial ou híbrido. Ele deverá ser adequado de acordo com a necessidade da tarefa. Novos protocolos serão regulamentados. Será de extrema importância olharmos para a produtividade versus o consumo e a matriz energética em todo o processo. É totalmente ilógico alguém se deslocar milhares de quilômetros para realizar reuniões de algumas horas. É preciso usar a inteligência e não simples argumentos de carência. Haverá momentos mais adequados para as interações físicas que proporcionem bem-estar social que atualmente estamos acostumados.

Hoje quando falamos em metaverso, estamos nos referindo a um grande leque de tecnologias que simulam experiências do mundo real de maneira imersiva. É ingênuo pensar que esse mundo se limitará aos games. Ao mesmo tempo que a flexibilidade muitas vezes reduz a previsibilidade dos negócios, a digitalização dará instantaneidade para as mudanças. Para cada problema que surgir, encontraremos uma solução ou uma compensação. 

Concordo que as pessoas preferem interagir mais com outras pessoas ao invés de um avatar. Mas a questão não é preferência, é necessidade. Com o desenvolvimento e amadurecimento do conceito do metaverso, as holografias substituirão as imagens de avatar que parecem personagens de desenho animado. Todos poderemos ser representados no mundo virtual com a mesma aparência do nosso mundo físico. As expressões faciais e a linguagem corporal serão incorporadas nas atividades profissionais digitais. E nossas relações terão a percepção de realidade, sem entrar na questão filosófica do que é de fato realidade para nós humanos.

A Inteligência Artificial já está presente em quase todos os momentos dos nossos dias. Nós é que ainda não nos demos conta disso e os refratários as mudanças aproveitam para colocar dúvidas, desenvolver o medo e gerar incertezas para manter o status atual de poder. Nossas carências mentais são muitas vezes superiores as nossas carências físicas. E o metaverso trará oportunidades infinitas no campo digital. 

Sabemos que o metaverso foi desenhado muito antes do anúncio de Zuckerberg e das promessas do Facebook. Porém, inevitavelmente ganhou maior notoriedade nas últimas semanas. O conceito de difusão explica como alguns traços culturais e tecnológicos são adquiridos ou espalhados, mesmo com a dificuldade que temos para provar que algumas novidades não tiveram um único ponto de partida. Fato é que certas inovações provêm de um conhecimento específico e depois é difundido das mais diversas formas. Criamos um ambiente multifacetado, intrincado e conectado digitalmente. Mas estamos longe de conquistarmos uma civilidade digital.

Após alguns estudos científicos criou-se o conceito da necessidade de uma justiça climática, pois certas regiões do mundo sofrerão mais que outras com os impactos das mudanças no clima. Muito se fala da necessidade de uma transição energética observando o impacto social sobre trabalhadores de indústrias que deixarão de existir, como a de combustíveis fósseis, bens de consumo desnecessários ou mercados de transportes e deslocamentos físicos ineficientes.

Para que novas gerações sobrevivam, precisamos entender que este modelo de crescimento constante não é sustentável. Nossos recursos são limitados. A questão climática é consequência e não causa das mudanças obrigatórias. O foco da atenção deve estar na equação energética. Existem soluções é óbvio, mas terá um preço. Será fundamental abandonarmos o desejo ilógico de acúmulo de bens materiais, se quisermos que o nosso planeta sobreviva. 

Leia mais: “Metaverso: somos uma geração de transição.”

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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