JoT: percepções natural e artificial combinadas

Última atualização: 9 de dezembro de 2021
Tempo de leitura: 4 min

Há quem diga que quando profissionais estiverem ocupados criando e divulgando reportagens baseadas em fatos sobre acontecimentos atuais, isso sempre será chamado de jornalismo, não importando o tipo de ferramenta ou tecnologia que estiver sendo empregada. Embora esperemos que continue a haver um denominador comum, tendemos a concordar que existem, de fato, tipos muito diferentes de jornalismo, alguns deles impulsionados por tecnologias que estavam em sua infância ou não disponíveis apenas uma década atrás. O JoT – jornalismo das coisas – é uma destas propostas.

Acompanhamos no começo deste mês o fim a segunda maior licitação da história. O setor de telecomunicações do país já tem previsões para oferecer a internet de quinta geração (5G). Depois de mais de um ano de vetos e prorrogações, o saldo final do certame foi de quase 50 bilhões de reais, conforme anunciou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Isso irá mudar significativamente a forma como nos comunicamos e interagimos. Milhares de novas oportunidades surgirão, assim como tantas outras irão desaparecer. Toda nossa área, assim como os profissionais de comunicação e jornalismo, estará no centro deste processo.

Dispensável repetir as possibilidades e promessas de conexões que esta tecnologia 5G apresenta. A sensorização do mundo já é uma realidade. Provavelmente alguns já ouviram falar no Jornalismo das Coisas (JoT), mas para muitos deve ser uma novidade. Assim como a Internet das Coisas (IoT) foi definida e apresentada em 1999 pelo britânico Kevin Ashton, como um sistema de sensores onipresentes conectando o mundo físico à internet, em 2019 os pioneiros do jornalismo sensorial Hendrik Lehmann, Jan Georg Plavec, Isabelle Buckow e Jakob Vicari apresentaram um manifesto para o jornalismo tecnológico.

Todos os dispositivos equipados com câmeras, sensores, componentes de IA conectados à Internet podem apresentar inúmeras inovações, desde que conduzidas da maneira certa. Os drones, antes extremamente caros e reservados para fins militares, chegaram ao mercado de consumo e ao setor de mídia civil nos últimos anos. Atualmente jornalistas e outros profissionais com experiência em tecnologia os usam principalmente para capturar imagens e panoramas antes consideradas impossíveis. Eles, no âmbito do JoT são uma excelente opção à caixa de ferramentas jornalística.

O jornalismo de Realidade Aumentada (RA), embora uma tecnologia muito divulgada, especialmente em relação ao recente discurso do metaverso, ainda não se tornou popular. A RA aplicada às atividades jornalísticas permite aprimorar a visão das pessoas sobre seu ambiente incorporando pedaços de conteúdo digital, como textos, fotos, vídeos, objetos 3D, que são sobrepostos por meio de uma tela de smartphone ou fone de ouvido. As dificuldades ainda são grandes como a falta de especialistas e baixos orçamentos, questões técnicas e fluxos de trabalho relativamente complicados, líderes conservadores e – por último, mas não menos importante – número de usuários insuficientes que possuam dispositivos adequados. Mas sabemos que isso irá mudar em breve.

O uso da inteligência artificial (IA) no campo do jornalismo, está ficando cada vez mais aparente. Certas associações de mídia de notícias têm se empenhado ativamente na automação de tarefas essenciais para a produção jornalística. A IA é útil para detectar, extrair e verificar dados essenciais e é utilizada para classificar, selecionar e priorizar os filtros no processo jornalístico das notícias. Apesar do uso relativamente novo, sua eficácia em analisar informações conflitantes é comprovada. A IA tem a capacidade de construir e renovar atualizações de dados em tempo real.

Robôs de IA estão se transformando em repórteres e sistemas evoluindo para identificar notícias falsas, inundadas em plataformas de mídia social. Essas ferramentas economizam tempo e dinheiro, fortalecendo o processo e o formato das narrativas. A automação facilitou o relato de histórias locais a internacionais. O jornalismo de dados está se transformando e evoluindo a um nível nunca alcançado antes. Tudo isso está se tornando viável por causa de algoritmos, bancos de dados e processamento de máquina, que diminuem os erros e preconceitos que as vezes se infiltram nas redações.

As percepções natural e artificial combinadas, darão ao público uma experiência totalmente nova. A IoT vem mudando o mundo devido à ubiquidade dos dispositivos conectados de forma rápida e exponencialmente. Câmeras, sensores de sons, drones, assistentes de voz, satélites entre tantos outros dispositivos já estão disponíveis para conectarmos pessoas e outras máquinas através da Internet com latência perto de zero. Para a evolução criativa destes desenvolvimentos precisaremos de especialistas em comunicação e JoT coordenando as novas áreas do jornalismo, afinal, a tecnologia não veio para substituir conhecimentos, ela veio para somar.

Leia mais: JoT: o jornalismo das coisas

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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