Inteligência Artificial: se você não pode com seu inimigo, junte-se a ele

Última atualização: 14 de dezembro de 2022
Tempo de leitura: 6 min

A tecnologia envolvendo inteligência artificial (IA) não para de nos surpreender. Mesmo com a resistência, desconfiança e crítica de muitos especialistas das mais diversas áreas. Para cada avanço ou novidade que surge, uma onda de ceticismo reage. Em décadas de desenvolvimento, acompanhamos momentos de euforia e decepção. A lógica contemporânea é que o mundo digital cresceu tanto e se tornou tão complexo, que é mais fácil criar algo novo do que encontrar o que se procura.

Mesmo com modelos matemáticos e algoritmos sofisticados de buscas, sofremos para achar a referência exata do que procuramos. Normalmente nos satisfazemos com algo próximo ao idealizado. Não estou me referindo a informações únicas ou exatas como datas, fatos ou dados específicos, mas a quando buscamos uma imagem imaginada, algo que aparentemente na lembrança já foi visto ao acaso, ou um texto de inspiração. Ficou mais rápido e simples gerar algo inédito, do que identificar e escolher o que nos é disponibilizado.

Quem nunca escarafunchou o Google para usar uma imagem na apresentação do powerpoint? Ou para descobrir qual a origem verdadeira de determinado dito popular? Não é incomum conflitos de informações na mesma página de pesquisa. Algo que era difícil ou impossível, tornou-se simples por um período, e agora voltamos a ter dificuldades. Antes era por escassez, agora por abundância.

A bola da vez é a inteligência artificial generativa (IAG). Uma tecnologia que usa aprendizado de máquina para permitir que os algoritmos criem vídeos digitais, imagens, textos, áudio ou código inéditos. A IAG é impulsionada por regras que têm a capacidade de identificar o padrão solicitado e fornecer conteúdo satisfatório. Uma emulação matemática e funções de padrões aparentemente desconhecidos, com mecanismos de sensibilidade.

Criar algo novo tem algumas vantagens, como a impossibilidade da acusação de plágio ou uso indevido protegido por direitos autorais. Na criação de avatares, ocultando assim a aparência real de pessoas que não se sentem à vontade para divulgar suas identidades por qualquer motivo. No entendimento de conceitos abstratos. Na multiplicidade de alternativas fornecidas em busca de aprimoramento. Na fusão de estilos, e em tantas outras.

A IAG mudará todos os campos que exigem que os humanos criem um trabalho original, desde jogos, textos de marketing e vendas, construção de sites, e até na codificação de novos softwares. Os EUA e a Europa Ocidental estão na vanguarda deste desenvolvimento, com várias empresas proeminentes, como a OpenAI, Stability AI, Hugging Face, Jasper, Replikr e Midjourney. Elas estão construindo um modelo para a cocriação humano-computador.

Resumindo, a Inteligência Artificial Generativa possui a capacidade de produzir algo inteiramente novo, impulsionado por uma tecnologia tão complexa que nós, humanos, chamamos de criatividade. Superamos as expectativas e promessas de que essas inovações seriam apenas para substituir trabalhos chatos, repetitivos, insalubres e perigosos. A proposta de invadir atividades nobres nos obriga a evoluir e nos desenvolvermos em novas habilidades para vencermos o perigo da obsolescência no mercado de trabalho.

De certa forma nós comunicadores já fomos impactados por essas transformações. Diversos artigos produzidos por grandes jornais em todo o mundo estão sendo gerados por máquinas, em substituição aos profissionais humanos. O jornalismo automatizado produz notícias com base em modelos pré escritos pela redação -atualmente na maioria por humanos-, e, em breve, essas referências virão apenas de dados sintéticos, ou seja, gerados por outras máquinas. O mundo das buscas ficará ainda mais caótico.

O adágio popular que dizia: “Se você não pode com seu inimigo, junte-se a ele” nunca esteve tão atual. Mesmo com regras e restrições, não vamos conseguir impedir esse avanço inevitável. Precisamos nos conscientizar que o caminho é a capacitação conjunta. Estudar e se desenvolver será tão vital como respirar ou se alimentar. Todos os dias. O que em um primeiro momento parece ser uma ameaça, com certeza será uma grande oportunidade.

O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é box360-logo.webp

Conheça o BOX360º – Uma nova experiência em análise de dados

Leia mais:

Inteligência Artificial Generativa ou criativa?

Compartilhe:

Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

Posts relacionados
A Ditadura da...

O século XXI, essa era dourada da informação, nos presenteou com uma...

Leia mais >
A Ilusão das Verdades...

Nossa história é um constante processo de desconstrução de verdades...

Leia mais >

Entre em contato

Descubra como a sua empresa pode ser mais analítica.