Ética no Data Driven

Última atualização: 8 de junho de 2022
Tempo de leitura: 4 min

Aqui está um assunto do qual podemos falar por horas e escrever infinitos artigos. Ética é uma das questões mais importantes no contexto da nossa sociedade, tanto na esfera pública, quanto em nossas vidas privadas. Mas o que é ética hoje? Como vem sendo entendida? Como ela está inserida no mercado de trabalho, na família, na tecnologia ou no cotidiano? O que os meios de comunicação têm feito da ética?

Trata-se da relação direta entre pensamento e ação. Somos éticos quando refletimos sobre o que fazemos, quando medimos e qualificamos nossas ações levando em conta o que somos e podemos ser. Sem a ética não conseguimos nos situar em nenhuma esfera de nossas vidas. Ética é um tipo de postura mediada em princípios como o respeito à subjetividade, à dignidade, e à diversidade. Seja como for, a ética será subjetiva.

É de fato muito complicado sabermos quão éticos somos, já que cada atividade que nos envolve no dia a dia é capaz de influenciar o nosso caráter. Esta dificuldade torna-se ainda maior quando percebemos que essas ações não são isoladas em nossos cotidianos, mas sim interligadas ao longo de nossas vidas. A ética nos negócios pode ser entendida como um valor da organização que assegura sua sobrevivência, sua reputação e, consequentemente, seus bons resultados. É o comportamento da empresa quando ela age em conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitos pela coletividade.

Influenciados que somos pelas redes sociais, como podemos evitar temas polêmicos, fotos indevidas, emitir opiniões e evitar repercussões negativas? A tecnologia permitiu que as empresas rastreassem seus clientes movendo o mouse ou olhando para uma tela. Em um futuro próximo, no metaverso, será possível rastrear o movimento corporal, as ondas cerebrais e as respostas fisiológicas à diferentes estímulos. Informações muito mais pessoais e sensíveis. Estamos substituindo os cookies e o endereço IP que usávamos para personalizar anúncios, por dados biológicos e expressões faciais capturadas, durante uma visita a um shopping, ao assistir uma aula ou até em uma conversa informal. E como as grandes instituições usarão tudo isso?

As decisões orientadas aos dados devem ter a preocupação do combate ao preconceito. Essas novas tecnologias abriram diversas possibilidades para melhorar a nossa vida, mas também estamos mais suscetíveis as manipulações, controles e interferências. Os modelos de interpretabilidade, feitos por humanos ou por algorítmicos, devem ser capazes de explicar de forma geral como escolheram determinadas ações. As organizações precisam ser transparentes sobre quais decisões estão se orientando utilizando os dados colhidos dos próprios indivíduos.

O risco do desvio é cada vez maior. Muitas vezes nossos dados são colhidos, armazenados, comercializados e analisados, ficando expostos contra ameaças cibernéticas, podendo cair nas mãos de aproveitadores e criminosos. É preciso criar sistemas e processos de dados seguros, para que não se torne uma ameaça à segurança física ou integridade mental das pessoas.

Para ajudar a resolver possíveis conflitos, devemos considerar explicitamente princípios aos direitos humanos fundamentais e aos próprios valores organizacionais. A ideia é oferecer total rastreabilidade no processo de design de data driven, para que cada decisão com implicações éticas seja amplamente divulgada e os princípios corporativos reforçados.

Na medida que a filosofia da utilização dos dados amplia sua participação no nosso dia a dia, precisamos questionar outros valores. Melhoramos a gestão em várias áreas, mas em outras ficamos mais expostos. Existe um velho ditado que diz: “não tenhas grandes amigos que não terás grandes inimigos”. Grandes amigos nos conhecem muito bem e quando querem nos atingir, conhecem nossos pontos fracos. Infelizmente nem todos são amigos eternos.

A análise dos dados passou a ser passou a ser o mantra, neste mundo de abundância de informações, versões e opiniões. A lógica diz que ainda vai evoluir muito. O avanço das ferramentas de inteligência artificial é inconteste. Os vieses sempre fizeram parte da nossa sociedade. Nem tudo conseguiremos com leis e regulamentações. Por isso, cada vez mais, devemos provocar a reflexão sobre nossos atos e nossos comportamentos. As questões éticas devem entrar na agenda de todos nós.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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