Emprego e automação: nada de novo, nada de rápido

Última atualização: 19 de setembro de 2023
Tempo de leitura: 6 min

“O que hoje parece ser um furacão em nossas vidas, amanhã descobriremos que foi apenas o vento abrindo novos caminhos”. (autor desconhecido). Desde o início dos tempos, a humanidade tem sido testemunha de inúmeras ondas de inovação e/ou automação. Cada uma delas trouxe consigo uma série de desafios e oportunidades. E, embora possa parecer que estamos à beira de uma revolução sem precedentes, precisamos refletir com frieza sobre uma questão: quão diferente é o que está ocorrendo hoje de outras ondas e novidades tecnológicas dos últimos 200 anos?

A inteligência artificial generativa e os modelos de linguagem como o ChatGPT são, sem dúvida, marcos especiais na evolução da comunicação. Eles prometem transformar não apenas o que podemos fazer com o software, mas também o que podemos automatizar com ele. No entanto, é crucial lembrar que a automação sempre fez parte da nossa história. Nesses 200 anos, vimos empregos desaparecerem e novos surgirem em seu lugar. E, embora cada mudança e implementações possam ter causado turbulência e incerteza, a longo prazo, sempre emergimos mais prósperos e inovadores.

Agora, é natural que, ao testemunhar essas transformações em nossa própria geração, sintamos uma pitada de ansiedade. Podemos ver claramente os empregos que estão desaparecendo, mas o futuro permanece envolto em mistério. No entanto, o passado nos ensina que sempre surgiram novas funções, muitas vezes em áreas que nunca poderíamos ter previsto. Quem, em 1800, poderia ter imaginado que um dia teríamos profissões como “engenheiro de software”, “influenciador digital” ou mesmo “especialista em computadores quânticos”? Portanto, não sabemos quais serão os novos empregos, mas temos um modelo que diz que sempre houve novos ofícios, e isso não deve mudar.

Aqui, gostaria de introduzir um conceito fundamental: a falácia do “Pedaço de Trabalho” (Lump of Labor). Ela sugere que há uma quantidade fixa de trabalho a ser feito e que, se uma máquina assume uma tarefa, haverá menos trabalho para os humanos. No entanto, a verdade é que a automação, ao tornar as coisas mais eficientes e acessíveis, invariavelmente cria inúmeras novas demandas e, consequentemente, novos empregos. As vezes para pessoas diferentes, por isso precisamos nos qualificar.

Ao longo dos anos, a automação tem avançado, começando com tarefas manuais e progredindo para funções mais complexas. E, embora possa parecer que estamos chegando ao ápice da capacidade humana, precisamos lembrar do “Paradoxo de Jevons”. Este paradoxo nos ensina que, à medida que algo se torna mais eficiente, seu consumo muitas vezes aumenta em vez de diminuir. Ao refletir sobre o passado, é fácil ver como a inovação transformou indústrias inteiras. Pensem nos escriturários da era de Gogol, que passavam seus dias copiando documentos à mão. Com a invenção da máquina de escrever, sua produtividade disparou. E, à medida que a tecnologia avançava, novas oportunidades surgiam, levando a mais empregos e inovações.

Novas tecnologias geralmente tornam mais barato e fácil fazer algo, mas isso pode significar tanto que fazemos o mesmo com menos pessoas, quanto que podemos fazer muito mais, com as mesmas pessoas. Mudamos o que é feito, mas podemos manter quem faz. No início, operamos a nova ferramenta de modo que ela se encaixe à maneira antiga de trabalhar, mas, com o tempo, mudamos a forma como trabalhamos para nos adequarmos à ferramenta. Aos poucos vamos descobrindo novas formas de pensar, e novos negócios se tornaram possíveis.

Fica claro que o momento que vivemos, pelo menos em relação a inteligência artificial, não é ameaçador, mas uma grande oportunidade. Vamos crescer, inovar e prosperar. E, enquanto navegamos por esta nova era, precisamos lembrar que a mudanças reais levam tempo. Sinto-me encorajado a abraçar o futuro com otimismo e curiosidade. No final das contas, é a nossa capacidade de adaptar, aprender e crescer que nos define como seres humanos. Discordo dos alarmistas e pessimistas. Acredito em um amanhã promissor na comunicação e em vários outros setores.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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