Última atualização: 8 de janeiro de 2025
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Estamos em uma era em que a inteligência artificial é constantemente questionada, ridicularizada, e até demonizada por alguns, mas há algo irônico na intensidade com que os críticos se manifestam. Os textos que afirmam que a IA é apenas ‘mais um hype’ são muitas vezes tão bem elaborados que quase se tornam obras de arte. O Teatro do Medo: Quem Lucra com o Pânico da IA? Aliás, por trás desses textos, não raro, estão consultores que, de forma um tanto conveniente, oferecem seus próprios serviços para ajudar empresas a navegar por essa ‘ameaça’.
Vejamos o caso dos carros autônomos. A cada acidente, por mais raro que seja, centenas de artigos são publicados para desqualificar a tecnologia. Esses mesmos analistas, tão críticos quanto oportunistas, parecem esquecer que a aviação também teve sua cota de tragédias e desafios nos últimos cem anos. Aviões ainda caem, mas isso não invalida o avanço da aviação, nem impede que seja o meio de transporte mais seguro do mundo. No entanto, quando a tecnologia é nova e disruptiva, qualquer deslize vira combustível para uma campanha de medo.
Há uma semelhança interessante com a questão do trabalho remoto. Quem são os maiores defensores do retorno ao escritório? A resposta é previsível: aqueles com grandes interesses financeiros em imóveis corporativos, enfrentando prejuízos com escritórios vazios. O discurso sobre a ‘necessidade de interação humana’ parece vir não de uma preocupação sincera com o bem-estar dos trabalhadores, mas da tentativa de salvar um investimento que, de repente, parece estar desvalorizado.
E claro, temos os defensores ardorosos da ‘superioridade humana’. Esses se apegam à ideia de que a inteligência humana é incomparável, jamais podendo ser superada por uma máquina. Curioso, não? São os mesmos humanos que, ao longo da história, cometeram atrocidades indescritíveis contra sua própria espécie e agora enfrentam uma crise ambiental criada por sua própria ganância e irresponsabilidade. A ironia é tão clara que chega a ser desconfortável.
O que fica claro em tudo isso é que nada é por acaso. As críticas extremas, as teorias alarmistas, os argumentos ‘sólidos’ — todas essas narrativas têm intenções ocultas. Quando há um interesse econômico ameaçado, a defesa se torna acirrada, os argumentos se tornam mais sofisticados, e a mensagem se espalha rapidamente, absorvida e repetida por leitores que, sem tempo ou disposição para questionar, acabam agindo como um rebanho conduzido por boiadeiros espertos.
A verdadeira lição? É preciso olhar além das palavras bem construídas e dos discursos eloquentes. O Teatro do Medo: Quem Lucra com o Pânico da IA? As críticas à IA, aos carros autônomos, ao trabalho remoto, não vêm apenas de uma preocupação com o bem comum. Elas são, frequentemente, a reação de setores que se sentem ameaçados, que tentam se proteger do novo e do inevitável. A questão não é se a tecnologia é boa ou ruim, mas de quem realmente se beneficia em manter a sociedade presa ao velho. Afinal, interesses ocultos moldam ideias, e quem controla as ideias controla a narrativa.
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