Última atualização: 28 de junho de 2023
Tempo de leitura: 6 min
Trabalhar com inovação e desenvolvimento de novos produtos impõem análises conjunturais. Há mais de 15 anos venho fazendo isso, sempre na esperança de identificar novos comportamentos e contextos sociais. Já disse várias vezes que estamos vivemos em tempos de mudanças, onde várias forças complexas estão remodelando o panorama global. Preocupações com o clima, matriz energética, disputas territoriais e saúde pública são temas recorrentes. Nessa paisagem em constante transformação, observamos o declínio da influência dos meios de comunicação tradicionais, a ascensão da manipulação das massas por meio de notícias falsas, a polarização e radicalização alimentada pelas redes sociais, a sobreposição da religião na política, e o papel cada vez mais presente da tecnologia em nossas vidas.
A queda dos meios de comunicação tradicionais, que eram vistos como guardiões da verdade, abriu espaço para um novo tipo de disseminação de informações. As TVs, rádios, jornais e revistas foram substituídos por plataformas digitais e redes sociais, onde qualquer pessoa pode ser um emissário de notícias – reais ou inventadas. A autoridade que antes residia nas mãos de um punhado de instituições de mídia relativamente confiáveis agora foi democratizada, mas essa popularização veio com seu próprio conjunto de problemas.
As redes sociais, em particular, se tornaram caldeirões de desinformação que manipulam as massas para atingir fins específicos. O resultado ao longo dos anos se materializou na polarização e radicalização extrema. Elas criaram câmaras de eco de opiniões silenciando vozes moderadas, alimentando uma espiral de ódio e desconfiança que ameaça a coesão de muitos setores da sociedade. Famílias foram divididas e novas regras de convivência foram negociadas para que amigos de percepções diferentes continuassem a coexistir.
Como profissional que trabalha na área de comunicação, leio e pesquiso todos os vetores de interferência nas atitudes e pequenas decisões cotidianas. Alguns temas são sensíveis e, independente da minha opinião pessoal, tenho a necessidade de analisar. A igreja de forma geral e como instituição espiritual, normalmente se concentra nos problemas da alma, nas questões de fé e moral, oferecendo consolo e promovendo valores éticos. Líderes religiosos exercem autoridade sobre os assuntos seculares. Questões de justiça social, pobreza, direitos humanos, cuidados de saúde, educação e muitos outros pontos criam uma tensão na participação em assuntos políticos e sociais.
Porém, em várias partes do mundo, esta influência está levando a um desequilíbrio entre os princípios da liberdade religiosa e os perigos potenciais de um domínio teocrático. É importante questionar e examinar constantemente este fenômeno para garantir que a linha entre liberdade e opressão não seja cruzada. Mas a ideia de que as instituições religiosas devem exercer maior influência no dia a dia das pessoas está ganhando espaço. Esta teologia política, que uma vez habitou as margens, agora está crescendo, pautando e orientando narrativas nacionais. Esse é um debate complexo e contínuo, sem respostas fáceis.
Para potencializar tudo isso, surge a Inteligência Artificial (IA) – uma ferramenta com um potencial incrível, mas também com riscos profundos. A IA tem o poder de transformar todos os aspectos de nossas vidas, do trabalho à saúde, passando pela maneira como interagimos uns com os outros. No entanto, sem regulamentação e supervisão adequadas, com certeza irá acentuar desigualdades, aumentar a desinformação e servir como uma nova ferramenta de manipulação.
A sobreposição, entrelaçamento e junção desses vários vetores – como o uso da IA, das redes sociais e dos influenciadores religiosos – em um ambiente de fragilidade democrática e econômica, apresenta um cenário de transfiguração do poder. Apesar de preocupante, me mantenho otimista. Riscos e oportunidades estão presentes, e ter a consciência do que nos cerca, ajuda nas melhores decisões.
Por isso, precisamos despertar para essas realidades e enfrentá-las. Não podemos ser meros espectadores de nosso futuro, permitindo que ele seja moldado por forças além de nosso controle. Precisamos questionar, resistir e refutar as tentativas de manipular nossas crenças e atitudes. Precisamos buscar a verdade, não importa quão desconfortável possa ser. E, acima de tudo, precisamos garantir que a tecnologia – em todas as suas formas – seja usada para o bem de todos, não apenas para o benefício de alguns.
As mudanças estão acontecendo, e elas continuarão a acontecer. A questão é: vamos liderar essas mudanças, ou vamos permitir que elas nos liderem? O futuro da comunicação está em nossas mãos.
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