ChatGPT: A bola da vez

Última atualização: 1 de março de 2023
Tempo de leitura: 5 min

A tecnologia nunca saiu do foco de atenção da humanidade. Em tempos de paz ou de guerra estamos constantemente questionando os impactos que novos conceitos ou dispositivos produzem nas nossas vidas. O mais recente, o ChatGPT é a bola da vez. Até meu pai de 80 anos, assíduo leitor de jornal impresso, me questiona e tem uma percepção clara dos impactos que esta novidade pode causar na sociedade. Evidentemente fala com preocupação, crítica e censura.

Quem acompanha meus textos sabe que há tempos venho falando sobre o GPT-3, criptomoedas, computação quântica, taxonomia analítica e metaverso, entre tantos outros temas. Graças ao incentivo da Boxnet, empresa no qual sou responsável pela área de inovação, tenho oportunidade de experimentar e testar diversas ferramentas. Afinal, trabalhar com monitoramento e análises de informações é um desafio e tanto, onde não existe tédio. Longe da unanimidade, defendo que todos esses avanços são grandes oportunidades de valorização humana e melhor qualidade de vida.

Lembro-me de quando criança ouvir que o uso de calculadora (aquela simples de quatro equações), deveria ser proibida na escola, pois não eu não “aprenderia” a tabuada (tinha que decorar, e estar com tudo na ponta da língua). Que assistir muita TV, além de afetar a visão e alienar a mente, destruiria a harmonia familiar, uma vez que as pessoas conversariam menos. Mais recentemente, que a internet acabaria com a curiosidade dos alunos, pois tudo estaria a disposição para ser consultado ou pesquisado. Com a mesma lógica, hoje, acadêmicos vem debatendo o que fazer a inteligência artificial generativa (IAG).

Para a maioria dos profissionais de comunicação e marketing, o ChatGPT se apresenta como um grande acelerador criativo, mas com consequências imprevisíveis onde as questões éticas e de direto autoral deverão consumir muito tempo, energia e atenção. Porém, acredito que para aquelas pessoas que são naturalmente talentosas, a tecnologia ajudará muito e, para aquelas que não são, certamente terão que se esforçar mais. Ninguém, de forma nenhuma estará fora do jogo, mas a próxima fase, com certeza será mais difícil.

Do ponto de vista das grandes empresas de tecnologia, vamos assistir uma batalha épica e o ChatGPT irá afetar profundamente um dos maiores mercados online, envolvendo a lógica de buscas, dos resultados de pesquisa e da publicidade. Assistiremos novamente o bilionário confronto entre a Microsoft e o Google. Acredito que chegará ao fim o costume de fazer uma pesquisa e receber infinitos links como resposta. Por mais assertivo que o algoritmo possa ser, perdemos tempo escolhendo o que realmente precisamos. O próximo passo será fazer perguntas diversas e obter respostas completas, adequadas e elaboradas.

Apesar da rápida evolução, definitivamente não estamos prontos para todas as oportunidades. O risco de uso desenfreado de informações pessoais, falta de segurança decorrentes da fragilidade dos modelos e violação de outros direitos, formam um novo conjunto de vulnerabilidades, falhas e questões que acompanha os modelos de IAG. Em algum momento, órgãos reguladores internacionais definirão limites, seguindo a linha da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). Controle sim, retrocesso acredito que não.

A IAG, bem como o ChatGPT, são catalisadores para um novo pensamento, que acelera, nos ajuda a lidar com disrupções e desbloquear novas oportunidades de mercado, mas nem sempre altera os fundamentos de negócios sobre os quais as organizações operam. Os profissionais de comunicação precisam olhar à frente e os recursos tecnológicos ajudam nas escolhas e a encontrar o caminho certo. Não podemos perder oportunidades. Não devemos ficar de braços cruzados e precisamos entender o contexto de um mundo mais sofisticado. Não será proibindo ou negando o uso do que temos a disposição que vamos enfrentar os problemas atuais.

Já ouvi algumas vezes que a vida é como um jogo de vídeo game, onde sempre que passamos uma fase, vem uma mais difícil. A diferença é que no jogo podemos reiniciar e na vida, infelizmente não dá para voltar.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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