Os SuperApps e o Brasil

Última atualização: 14 de setembro de 2022
Tempo de leitura: 4 min

À medida em que os modelos de negócios baseados em plataforma ganham força, surge uma nova tendência de mercado: a mudança de aplicativos de propósito único para aplicativos multifuncionais, também conhecidos como SuperApps.

Um superaplicativo é uma aplicação móvel que fornece uma variedade de serviços aparentemente não relacionados por meio de uma única interface. Por exemplo, em um mesmo aplicativo, é possível conversar, fazer compras, pedir viagens, solicitar um empréstimo bancário e executar várias outras ações. Em outras palavras, os superaplicativos são uma espécie de marketplace de serviços e ofertas, sejam eles próprios ou de terceiros, reunidos sob um mesmo guarda-chuva.

Eles agregam serviços que, de outra forma, você precisaria de uma comunidade de vários aplicativos para realizar. E esse é o ponto de venda. Afinal, por que manter todas essas senhas separadas e alternar entre uma biblioteca de aplicativos (que deve ser constantemente atualizada) para encontrar aquele que faz uma tarefa específica quando você pode ter um aplicativo que faz tudo?

Alguns pontos fundamentais caracterizam os SuperApps: como os usuários variam em idade, sexo, conhecimento técnico e habilidade, um superaplicativo deve fornecer acesso a todos os grupos sociais e garantir que todos possam perceber, entender, navegar e interagir facilmente; as empresas devem garantir que seus superaplicativos estejam protegidos contra fraudes e ameaças como ataques man-in-the-middle, mantendo uma experiência de cliente tranquila e sem atritos e, não menos importante, a responsabilidade social e ambiental se tornou uma parte importante deste novo negócio, dado o entendimento que os SuperApps influenciam o modo de vida dos usuário e suas ações podem e devem tratar das questões globais emergentes. Entre os principais benefícios e justificativa para a popularização dos superaplicativos entre os negócios, principalmente no mercado brasileiro, é possível citar a ampla cobertura geográfica, os custos mais baixos de desenvolvimento, o processo de integração mais simples, o crescimento da receita, o melhor engajamento do cliente e retenção, os custos de reaquisição reduzidos e o aumento da atratividade do investimento.

Será o Brasil a nova China dos SuperApps?

Uma recente publicação da revista norte-americana Forbes ressaltou o crescimento expressivo dos SuperApps brasileiros, em comparação à expansão acelerada da China. O site aponta o grande potencial do Brasil neste novo mercado.

O principal case destacado pelo portal, trata dos resultados obtidos pela fintech Nubank. Em um mercado de elevadíssima concentração bancária, com altas taxas de juros somados a milhões de pessoas “desbancarizadas”, as fintechs são capazes de atender à esta demanda suprimida, anteriormente explorada apenas por grandes bancos. Antes do surgimento dos bancos digitais, eram apenas cinco os gigantes financeiros que dominavam as movimentações bancárias brasileiras: Banco do Brasil, Caixa, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander.

Além disso, a população brasileira é bastante jovem – em média 32 anos de idade. Este público utiliza muito a internet, bem mais do que em outros países. No Brasil, os dados apontam que as pessoas passam em média três horas e meia por dia somente nas redes sociais. São ao todo, 149 milhões de pessoas com acesso à internet, e cerca de 139 milhões com acesso através de dispositivos móveis.

Com este novo perfil, os hábitos de consumo dos brasileiros estão mudando. Tecnologias como o PIX e a chegada próxima do Real Digital, somados aos fatores listados acima, oferecem condições ainda mais propícias para o crescimento exponencial dos super aplicativos de pagamento, como aconteceu na China. Atualmente, a população chinesa tem abandonado cada vez mais o dinheiro físico e substituído por aplicativos de pagamento que transformaram as vidas dos seus usuários.

O Brasil, demonstra possuir todas as características necessárias para estabelecer uma economia móvel da mesma forma que a China. Os usuários que mais se beneficiarão dessa mudança são os brasileiros desbancarizados. Eles serão trazidos para o setor financeiro através desses novos aplicativos. Os SuperApps são uma promessa de grande transformação do mercado financeiro para os próximos anos e estão revolucionando o mercado tecnológico brasileiro.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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